terça-feira, 8 de dezembro de 2015
Clube Militar - A Casa da República - ATÉ O FIM
Em manchete na página 6 da edição de 1º de setembro, o jornal O Globo publica: "Temer declara que Dilma vai governar até o fim".
No texto da reportagem, fica claro que o vice-presidente se refere ao fim do mandato eletivo, mas o cabeçalho da mesma não esclarece isso. Não sei se de propósito ou não, a chamada fica dúbia o bastante para provocar no leitor a curiosidade de buscar no texto mais esclarecimentos. Se a generalidade for intencional, é uma manchete daquelas que deve ser estudada nas aulas de jornalismo.
Da maneira como está escrita, dá margem a várias interpretações: "até o fim" de que?
Da economia brasileira, cuja situação calamitosa se reflete numa proposta de orçamento deficitária para 2016?
Dos sonhos da classe média de adquirir uma casa própria, manter os filhos na escola, progredir na profissão, garantir um rendimento que lhe proporcione algum conforto?
Da esperança dos assalariados, de manter um emprego estável, aperfeiçoar-se e progredir no mesmo, construir para os filhos uma sociedade mais estável e promissora?
Da ideia dos jovens de permanecer por mais tempo na escola, acumulando capital intelectual para uma profissão melhor remunerada no futuro?
Dos planos dos empresários, que não têm confiança no dia de amanhã e adiam ou transferem para outros países os investimentos de que tanto necessitamos para garantir nosso futuro e crescimento sustentado?
De nosso combalido sistema de ensino, pessimamente classificado nas comparações internacionais e prejudicado por infindáveis greves, onde apenas o lado do empregador tem algo a perder, já que no Brasil os dias parados em greves continuam a ser remunerados para o grevista? Que tipo de negociação é essa?
Da pálida tentativa de amadurecimento das instituições republicanas nacionais, enfraquecidas pelos que pretendem a crise permanente como garantia de seus privilégios políticos ou apostam no "quanto pior, melhor", a começar pelo próprio governo, que vê na crise a garantia de que ninguém desejará, de fato, ascender ao poder em condições tão críticas e desvantajosas?
Do arremedo de reforma política aprovado pelo Congresso, que não muda nada, nem mesmo as coligações em eleições proporcionais; ou a figura única e vergonhosa dos suplentes dos eleitos, que serão deputados ou senadores sem terem recebido nenhum voto e sendo completos desconhecidos para os eleitores; ou as cada vez menos confiáveis urnas eletrônicas, jabuticaba brasileira que não é adotada por nenhum outro país, pelas facilidades que oferece à fraude nos resultados eleitorais; ou ao absurdo das coligações diferentes nas eleições regionais e nas nacionais, o que confirma que os programas políticos dos inúmeros partidos nada significam, o que interessa é chegar ao poder a qualquer custo; ou ao sistema de capitanias hereditárias.
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